sábado, 13 de junho de 2009

O PROBLEMA DO SOFRIMENTO HUMANO

O Problema do Sofrimento


"Podemos, talvez, conceber um mundo em que Deus tenha corrigido os resultados deste abuso do livre arbítrio pelas suas criaturas a cada momento: de maneira que uma viga de madeira se tornasse macia como grama se usada como arma, e o ar se recusasse a obedecer-me se tentasse utilizá-lo em ondas sonoras que transmitissem mentiras ou insultos. Num mundo assim, porém, os atos errados seriam impossíveis e, portanto, ficaria anulado o livre arbítrio; se o princípio fosse levado à sua conclusão lógica, os maus pensamentos tornar-se-iam também impossíveis, desde que a massa cerebral que usamos para pensar se recusaria a fazê-lo quando tentássemos estruturá-la. Toda matéria nas proximidades de um homem perverso estaria sujeita a alterações imprevisíveis. A idéia de que Deus pode modificar, e realmente modifica, ocasionalmente, o comportamento da matéria produzindo o que chamamos de milagres, faz parte da fé cristã; mas a própria concepção de um mundo comum e, portanto estável exige que tais ocasiões sejam extremamente raras. Num jogo de xadrez é possível fazer certas concessões arbitrárias ao seu oponente, que se colocam em relação às regras gerais do jogo como os milagres para as leis da natureza. Você pode privar-se de um castelo, ou permitir que o adversário se arrependa de um movimento já feito, anulando-o. Mas se você aceitasse tudo que ele pudesse desejar a qualquer momento — se todos os movimentos dele fossem revogáveis e se todas as suas peças desaparecessem toda vez que a posição delas no tabuleiro o desagradasse — não haveria então na realidade um jogo entre vocês. O mesmo acontece com a vida das almas num mundo: as leis fixas, as conseqüências desenvolvendo-se através da necessidade causal, e toda a ordem natural, são tanto limites dentro dos quais sua vida comum fica confinada como também a condição única sob a qual essa vida pode existir. Tente excluir a possibilidade do sofrimento que a ordem da natureza e a existência do livre-arbítrio envolvem, e descobrirá que excluiu a própria vida."

Trecho do livro "O Problema do Sofrimento" de C.S.Lewis


Uma das formas por meio das quais a humanidade revela sua rebeldia contra Deus é tentar enquadrá-lo na própria lógica humana, tendo o homem como referencial e destinatário de toda a existência (antropocentrismo). Ao fazê-lo,buscam, de algum modo, aviltar o poder, a majestade e outros atributos do Criador, colocando sob suspeita a própria existência de Deus ou, quando admitem que Ele exista, sua onipotência e sua bondade.

Um dos principais argumentos de que se valem é, justamente, o sofrimento humano. Segundo afirmam, se Deus é bom e onipotente, não há razões para que o homem sofra, a não ser que Deus não seja tão onipotente ou tão bondoso assim.

O equívoco em tal fala está, conforme o trecho de C. S. Lewis, em premissas falsas, ou seja, numa conceituação falha da onipotência e da bondade de Deus.

O erro, segundo nos diz Jesus, consiste em não conhecer as Escrituras e o poder de Deus (Marcos 12.24).